Universidade Federal Fluminense
Projeto Geografia do Rio de Janeiro: cenários atuais e futuros.
Resumo do texto: ESPAÇO E CULTURA NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. A QUESTÃO RELIGIOSA: EXPANSÃO DE IGREJAS E SEITAS (NEO)PENTECOSTAIS.
Autor: Marcus Vinicius Castro Faria
Fonte:https://www.feth.ggf.br/VoltaRedonda.htm
Último acesso: 21/08/2011
Palavras-chaves: Geografia, religião, Estado do Rio de Janeiro, tendências
A falência do modernismo, a crise econômica, o desconforto social, provocam uma espécie de desencantamento do mundo e favorecem um fascínio pelo mágico e pelo maravilhoso que vem sendo capitalizado pelas religiões de tipo pentecostais.
Atrelado a este fato, constatamos uma total incompetência e incapacidade dos dirigentes políticos para enfrentar os dilemas políticos e econômicos, criando certo ceticismo, uma descrença e um descrédito em relação à classe política, que utiliza medidas paliativas, assistencialistas, e populistas, baseados na doutrina do “pão e circo” - vide o exemplo do Rio de Janeiro atual.
Não carregando em seu cerne qualquer potencial revolucionário, observamos que a intenção das doutrinas pentecostais é tornar os fieis dóceis, manipuláveis, rentáveis, submissos, obedientes e amedrontados; “controle das mínimas parcelas da vida e do corpo. [...] uma obediência pronta e cega”
A importância dos cultos se coloca como fundamental na reprodução pentecostal, principalmente se analisa sob a ótica local, pois funcionam como alternativas de lazer.
Deste modo os principais agentes responsáveis pela expansão do pentecostalismo são os próprios membros da igreja, crentes e pastores.
Neste estudo tomamos como exemplo desta conduta as igrejas Assembléia de Deus e Universal do Reino de Deus.
Pode-se averiguar que uma pessoa, ao procurar uma igreja pentecostal, via de regra, busca uma segurança emocional capaz de lhe dar condições para continuar enfrentando todos os problemas materiais. Assim, não dispondo de nenhum tipo de atendimento, nem por parte do estado, nem por parte da iniciativa privada, se torna alvo facilmente atingível por instituições que atuam na escala local, como é o caso da igreja pentecostal.
Do ponto de vista demográfico, os pentecostais habitam mais as zonas urbanas do que as rurais congregam mais mulheres do que homens, mais crianças e adolescentes do que adultos, e mais negros, pardos e indígenas do que brancos; de acordo com o Censo de 2000.
No que diz respeito às atividades econômicas, os pentecostais apresentam um nível de remuneração muito baixo, uma vez que eles recebem basicamente até três salários mínimos.
Na região metropolitana do Rio de Janeiro, por sua vez, os pentecostais cercam a capital fluminense por todos os lados; assim, eles representam mais de 21% da população em municípios como Belford Roxo, Duque de Caxias, Nova Iguaçu e Itaboraí. Observa-se ainda a presença de pentecostais na própria cidade do Rio de Janeiro, nos distritos da Zona Oeste, sobretudo em Santa Cruz, Campo Grande e Bangu.
A Assembléia de Deus (AD), com 8,4 milhões de fieis, situa-se claramente em primeiro lugar entre as igrejas pentecostais do país, com 47% dos adeptos desse grupo religioso. Ela se encontra implantada na maior parte das grandes cidades brasileiras, principalmente no Rio de Janeiro, onde reúne 760.000 fieis.
A Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), por sua vez, é de origem mais recente, criada no bairro da Abolição, na cidade do Rio de Janeiro. Seus dados demonstram que ocorreu um avanço nos números de fiéis que passou de 269.000 fieis, em 1991, para 2,1 milhões, em 2000, o que representa 12% dos pentecostais.
O Rio de Janeiro situa-se em primeiro lugar, em números de fiéis da IURD,com cerca de 350.000 pessoas, Observa-se que no estado do Rio de Janeiro, a Universal do Reino de Deus é particularmente bem instalada nos municípios que integram a região metropolitana.
No município de Volta Redondo, essas igrejas surgem justamente no período de declínio e falência presenciados na cidade. De modo que é notável a proliferação das mais variadas igrejas evangélicas pentecostais se espalhando pelo território de Volta Redonda.
Um marco deste período foi quando em 1998 a Igreja Universal do Reino de Deus comprou um prédio onde funcionava o Banco Porto Real, recentemente falido,que funcionava no centro mais importante da cidade, próximo ao antigo Escritório Central, para servir como sede da IURD na cidade.
Percebemos uma estratégia de seletividade locacional e geoestratégica peculiar a Universal que difere de todas as demais igrejas dos grupos pentecostal, católico e protestante – a sua territorialidade. Seus templos são estrategicamente localizados em lugares extremamente movimentados, avenidas e ruas de comércio intenso e que tem um alto valor imobiliário relativo, dada a privilegiada localização.
A IURD dá preferência a construção de templos suntuosos e faraônicos onde comportam um grande número de pessoas e localizados em lugares movimentados que chamem a atenção das pessoas ao passarem na frente, à templos de pequeno porte situados em lugares escolhidos aleatoriamente, “opacos”. Assim ela recorre a pontos onde os templos tenham um raio de atuação e influência – um nicho de atuação - que abarque um número de bairros próximos, uma região, e visível àqueles que não moram perto, mas podem ir de ônibus ou qualquer outro meio de locomoção.
Os cultos ficam lotados com até 800 pessoas. Vem pessoas dos mais distantes bairros assistir aos cultos nesta nova igreja, e ainda pessoas de outros municípios vizinhos. Percebemos que a arquitetura do prédio-igreja agia no imaginário das pessoas, no sentido daquele templo enorme e bonito fascinava as pessoas que antes frequentavam igrejas no fundo de garagens, em balcões alugados, em qualquer espaço improvisado ou em igrejas modestas e humildes. Talvez a própria beleza, incomum a uma igreja da região, tal como sua arquitetura nada sacra, atraia um elevado número de pessoas.
OBS: O Artigo completo da presente resenha encontra-se no seguinte link: